A vacinação faz parte das nossas rotinas de
saúde, promove a nossa protecção e dos que nos rodeiam, em todas as idades com
esquemas próprios, e de forma precoce desde a primeira infância.
Cumprindo o Programa Nacional de Vacinação
essa protecção fica assegurada de forma eficaz e eficiente, seja em casa ou em
viagem. O Programa Nacional de Vacinação é um programa universal gratuito e
acessível a todas as pessoas presentes em Portugal. Tem como objetivo a
proteção de indivíduos e a população em geral contra as doenças com maior
potencial para constituírem ameaças à saúde pública e individual e para as
quais há proteção eficaz por vacinação. Com este programa de vacinação, tem
sido eliminadas ou controladas doenças evitáveis pelas vacinas, incluindo
vacinas internacionalmente consideradas mais adequadas para a proteção da
população.
No entanto existem destinos com
particularidades em relação a vacinação como protecção extra para doenças que
no ambiente tropical podem ser fatais ou de difícil controlo. A vacinação internacional
garante protecção eficaz desde que cumpridos todos os requisitos.
Assim ao recorrer a consulta de saúde do
viajante deve levar consigo o seu Boletim de Vacinas e caso já tenha feito vacinação
internacional, o Certificado Internacional de Vacinação. Podem existir contra
indicações como alergias, idade inferior a 6 meses, imunossupressão ou
imunodeficiência e neoplasias malignas, daí a necessidade de fazer a consulta
de saúde viajante devidamente creditada.
Existem centros de
vacinação internacional espalhados por todo o país, em cada uma das
Administrações Regionais de Saúde nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira,
como já abordei anteriormente.
O tempo até se atingir a proteção
contra a doença depende de cada vacina. Para algumas vacinas, como da difteria, tétano e tosse convulsa, são necessárias 3 doses em
intervalos recomendados para se considerar que existe proteção completa contra
essas doenças, compreendidas no Programa Nacional de Vacinação. São também
necessários reforços regulares para a manutenção da proteção ao longo do tempo.
Mesmo nas vacinas que necessitam de várias doses, após cada administração já poderá
haver alguma proteção (incompleta), que surge geralmente 2 semanas ou mais após
cada dose. O que reforça mais uma vez a marcação de consulta do viajante de
forma atempada para conseguir assegurar a eficácia da vacinação, quando é
necessária.
Normalmente são recomendadas as vacinas contra o Tétano,
Difteria, Hepatite B, Sarampo, Papeira e Rubéola, Poliomielite, sazonalmente
a vacina da Gripe, isto são as vacinas básicas que compõe o Programa Nacional
de Vacinação, o que vem reforçar a necessidade de manter o seu boletim de
vacinas actualizado, para qualquer viagem. Dependendo do destino de viagem
escolhido e dos seus acontecimentos epidemiológicos podem ser incluídas as vacinas
contra:
- Febre-amarela: é segura, eficaz e da
qual uma única dose confere imunidade durante toda a vida contra esta doença. A
Organização Mundial de Saúde recomenda a vacinação dos viajantes com destino
aos países onde a doença ocorre em humanos (América do Sul e África Subsaariana).Existe um conjunto de países
em que é obrigatório o comprovativo de vacinação da febre-amarela a todos os
indivíduos, como Angola ou São Tomé e Príncipe. Em Portugal a vacina contra a Febre-amarela
(STAMARIL®) é uma vacina viva atenuada, para administração em indivíduos com
idade ≥ a 9 meses. Uma dose confere protecção entre 7 a 10 dias após sua
administração. Tem uma eficácia de protecção que se aproxima dos 100%. Tem
obrigatoriedade de vacinação ao viajante tendo em conta o destino de viagem.
- Febre
tifóide (em Portugal TYPHIM Vi®) para administração em indivíduos com idade
≥ a 2 anos. Uma dose da protecção 7 dias após sua administração. É necessário
revacinar após 3 anos se a exposição se mantiver. O viajante deve evitar o consumo de alimentos ou bebidas potencialmente contaminadas.
- Hepatite A (em Portugal Havrix®) é
uma vacina inactiva, têm recomendação de vacinação, os viajantes com destino a
países endémicos para hepatite A, após consulta de saúde do viajante, de forma
gratuita pelo programa nacional de vacinação. A prevenção é feita através de
vacina (2 doses, sendo a segunda dose 6 meses depois da primeira dose). Normalmente
é necessário um período de 2 a 4 semanas após a administração da vacina para
ficar protegido. A proteção a longo prazo requer a administração de uma
segunda dose (dose de reforço) da vacina. Os adultos saudáveis que receberam duas
doses têm níveis de anticorpos durante, pelo menos, 6 anos. Prevê-se que os anticorpos
contra a hepatite A se mantenham, pelo menos, 25 anos após a vacinação.
A Sanofi Pasteur lançou recentemente em Portugal uma nova vacina combinada que protege contra a hepatite A e contra a febre tifóide. Esta combinação vem simplificar o processo de vacinação e traz uma maior comodidade ao viajante uma vez que em vez de duas vacinas passa a fazer apenas uma.
- Doença Meningocócica Invasiva a eficácia
da vacina para a doença é maior que 90% e é a forma mais segura de proteção
contra a doença. Conforme o serogrupo varia a idade de administração entre idade
≥ a 2 anos ou ≥ a 1 ano. Uma dose confere imunidade apos as duas semanas
após sua administração. A necessidade de doses de reforço ainda não foi
estabelecida. Tem obrigatoriedade de vacinação ao viajante tendo em conta o
destino de viagem. Apenas exigida aos peregrinos que se dirigem a Meca.
-Raiva (em Portugal Rabipur®) é uma
vacina inativada, para administração em indivíduos com qualquer idade. Pode ser
utilizada em profilaxia pré exposição utilizando um esquema vacinal de 3 doses
administradas nos dias 0, 7e 21 ou 28. Se se mantiver o risco de exposição as
doses de reforço são geralmente necessárias a cada 2 a 5 anos.
- Encefalite
Provocada por Picada de Carraça (em Portugal FSME-IMMUN®) é uma vacina
inativada de vírus inteiro, para administração em indivíduos com idade ≥ a 1
ano, que se desloquem para zonas endémicas/epidémicas da doença. O esquema
vacinal é de três doses. A primeira dose deve ser administrada na data
escolhida, a segunda 1-3 meses depois e a terceira 5 - 12 meses após
a segunda dose. O intervalo entre a primeira e a segunda dose pode ser
encurtado para 14 dias, mantendo-se o intervalo de 5 - 12 meses entre a segunda
e a terceira doses. Se se mantiver o risco de exposição um primeiro reforço
deve ser administrado até 3 anos após a terceira dose.
- Cólera
(em Portugal DUKORAL®) é uma vacina inativada, para administração oral, em
indivíduos com idade ≥ a 2 anos e está indicada para viajantes para zonas
endémicas/epidémicas da doença. O esquema vacinal para crianças entre os 2 e os
6 anos de idade é de três doses com intervalo de uma semana entre cada
toma. Os indivíduos maiores de 6 anos devem tomar duas doses com intervalo
de uma semana. A protecção fica assegurada uma semana após a conclusão do
esquema vacinal.
- Encefalite
Japonesa (em Portugal IXIARO®) é uma vacina inativada de vírus inteiro,
para administração em indivíduos com idade ≥ a 2 meses, que se desloquem para
zonas endémicas/epidémicas da doença. O esquema vacinal é de duas doses
com 28 dias de intervalo. Uma dose de reforço deve ser administrada 12 a 24
meses depois da vacinação primária. Uma dose confere imunidade a partir das duas
semanas após a sua administração.
Os preços
associados à vacinação internacional têm uma taxa sanitária no âmbito do
Serviço Nacional de Saúde associada a vacinação da febre-amarela e febre
tifóide com o valor de 20€ por cada vacina. A vacina da Encefalite japonesa e
da raiva tem o preço de 15€ por inoculação. Os preços praticados a nível
privado podem divergir destes valores. Acresce também ao pagamento da administração
da vacina, sendo um acto de enfermagem.
Todas
as vacinas recomendadas aos viajantes, fora do Programa Nacional de Vacinação,
são comercializadas nas farmácias locais, mediante prescrição clínica, podem
ser administradas em qualquer serviço de vacinação internacional.
Não
dispense a ida a consulta de saúde do viajante, faz parte da viagem como o seu
bilhete electrónico de voo. Viagem com saúde, sempre.
Vai viajar? Leve sáude.
Celine
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