quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Vacinação internacional – prevenção para viagem



A vacinação faz parte das nossas rotinas de saúde, promove a nossa protecção e dos que nos rodeiam, em todas as idades com esquemas próprios, e de forma precoce desde a primeira infância.
Cumprindo o Programa Nacional de Vacinação essa protecção fica assegurada de forma eficaz e eficiente, seja em casa ou em viagem. O Programa Nacional de Vacinação é um programa universal gratuito e acessível a todas as pessoas presentes em Portugal. Tem como objetivo a proteção de indivíduos e a população em geral contra as doenças com maior potencial para constituírem ameaças à saúde pública e individual e para as quais há proteção eficaz por vacinação. Com este programa de vacinação, tem sido eliminadas ou controladas doenças evitáveis pelas vacinas, incluindo vacinas internacionalmente consideradas mais adequadas para a proteção da população.

No entanto existem destinos com particularidades em relação a vacinação como protecção extra para doenças que no ambiente tropical podem ser fatais ou de difícil controlo. A vacinação internacional garante protecção eficaz desde que cumpridos todos os requisitos.
Assim ao recorrer a consulta de saúde do viajante deve levar consigo o seu Boletim de Vacinas e caso já tenha feito vacinação internacional, o Certificado Internacional de Vacinação. Podem existir contra indicações como alergias, idade inferior a 6 meses, imunossupressão ou imunodeficiência e neoplasias malignas, daí a necessidade de fazer a consulta de saúde viajante devidamente creditada.
Existem centros de vacinação internacional espalhados por todo o país, em cada uma das Administrações Regionais de Saúde nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, como já abordei anteriormente.
O tempo até se atingir a proteção contra a doença depende de cada vacina. Para algumas vacinas, como da difteria, tétano e tosse convulsa, são necessárias 3 doses em intervalos recomendados para se considerar que existe proteção completa contra essas doenças, compreendidas no Programa Nacional de Vacinação. São também necessários reforços regulares para a manutenção da proteção ao longo do tempo. Mesmo nas vacinas que necessitam de várias doses, após cada administração já poderá haver alguma proteção (incompleta), que surge geralmente 2 semanas ou mais após cada dose. O que reforça mais uma vez a marcação de consulta do viajante de forma atempada para conseguir assegurar a eficácia da vacinação, quando é necessária.
 
Normalmente são recomendadas as vacinas contra o Tétano, Difteria, Hepatite B, Sarampo, Papeira e Rubéola, Poliomielite, sazonalmente a vacina da Gripe, isto são as vacinas básicas que compõe o Programa Nacional de Vacinação, o que vem reforçar a necessidade de manter o seu boletim de vacinas actualizado, para qualquer viagem. Dependendo do destino de viagem escolhido e dos seus acontecimentos epidemiológicos podem ser incluídas as vacinas contra: 



- Febre-amarela: é segura, eficaz e da qual uma única dose confere imunidade durante toda a vida contra esta doença. A Organização Mundial de Saúde recomenda a vacinação dos viajantes com destino aos países onde a doença ocorre em humanos (América do Sul e África Subsaariana).Existe um conjunto de países em que é obrigatório o comprovativo de vacinação da febre-amarela a todos os indivíduos, como Angola ou São Tomé e Príncipe. Em Portugal a vacina contra a Febre-amarela (STAMARIL®) é uma vacina viva atenuada, para administração em indivíduos com idade ≥ a 9 meses. Uma dose confere protecção entre 7 a 10 dias após sua administração. Tem uma eficácia de protecção que se aproxima dos 100%. Tem obrigatoriedade de vacinação ao viajante tendo em conta o destino de viagem.

 - Febre tifóide (em Portugal TYPHIM Vi®) para administração em indivíduos com idade ≥ a 2 anos. Uma dose da protecção 7 dias após sua administração. É necessário revacinar após 3 anos se a exposição se mantiver. O viajante deve evitar o consumo de alimentos ou bebidas potencialmente contaminadas.

- Hepatite A (em Portugal Havrix®) é uma vacina inactiva, têm recomendação de vacinação, os viajantes com destino a países endémicos para hepatite A, após consulta de saúde do viajante, de forma gratuita pelo programa nacional de vacinação. A prevenção é feita através de vacina (2 doses, sendo a segunda dose 6 meses depois da primeira dose). Normalmente é necessário um período de 2 a 4 semanas após a administração da vacina para ficar protegido. A proteção a longo prazo requer a administração de uma segunda dose (dose de reforço) da vacina. Os adultos saudáveis que receberam duas doses têm níveis de anticorpos durante, pelo menos, 6 anos. Prevê-se que os anticorpos contra a hepatite A se mantenham, pelo menos, 25 anos após a vacinação. 

A Sanofi Pasteur lançou recentemente em Portugal uma nova vacina combinada que protege contra a hepatite A e contra a febre tifóide. Esta combinação vem simplificar o processo de vacinação e traz uma maior comodidade ao viajante uma vez que em vez de duas vacinas passa a fazer apenas uma.


- Doença Meningocócica Invasiva a eficácia da vacina para a doença é maior que 90% e é a forma mais segura de proteção contra a doença. Conforme o serogrupo varia a idade de administração entre idade ≥ a 2 anos ou ≥ a 1 ano. Uma dose confere imunidade apos as duas semanas após sua administração. A necessidade de doses de reforço ainda não foi estabelecida. Tem obrigatoriedade de vacinação ao viajante tendo em conta o destino de viagem. Apenas exigida aos peregrinos que se dirigem a Meca.

-Raiva (em Portugal Rabipur®) é uma vacina inativada, para administração em indivíduos com qualquer idade. Pode ser utilizada em profilaxia pré exposição utilizando um esquema vacinal de 3 doses administradas nos dias 0, 7e 21 ou 28. Se se mantiver o risco de exposição as doses de reforço são geralmente necessárias a cada 2 a 5 anos.

- Encefalite Provocada por Picada de Carraça (em Portugal FSME-IMMUN®) é uma vacina inativada de vírus inteiro, para administração em indivíduos com idade ≥ a 1 ano, que se desloquem para zonas endémicas/epidémicas da doença. O esquema vacinal é de três doses. A primeira dose deve ser administrada na data escolhida, a segunda 1-3 meses depois e a terceira 5 - 12 meses após a segunda dose. O intervalo entre a primeira e a segunda dose pode ser encurtado para 14 dias, mantendo-se o intervalo de 5 - 12 meses entre a segunda e a terceira doses. Se se mantiver o risco de exposição um primeiro reforço deve ser administrado até 3 anos após a terceira dose.

- Cólera (em Portugal DUKORAL®) é uma vacina inativada, para administração oral, em indivíduos com idade ≥ a 2 anos e está indicada para viajantes para zonas endémicas/epidémicas da doença. O esquema vacinal para crianças entre os 2 e os 6 anos de idade é de três doses com intervalo de uma semana entre cada toma. Os indivíduos maiores de 6 anos devem tomar duas doses com intervalo de uma semana. A protecção fica assegurada uma semana após a conclusão do esquema vacinal.

- Encefalite Japonesa (em Portugal IXIARO®) é uma vacina inativada de vírus inteiro, para administração em indivíduos com idade ≥ a 2 meses, que se desloquem para zonas endémicas/epidémicas da doença. O esquema vacinal é de duas doses com 28 dias de intervalo. Uma dose de reforço deve ser administrada 12 a 24 meses depois da vacinação primária. Uma dose confere imunidade a partir das duas semanas após a sua administração. 




Os preços associados à vacinação internacional têm uma taxa sanitária no âmbito do Serviço Nacional de Saúde associada a vacinação da febre-amarela e febre tifóide com o valor de 20€ por cada vacina. A vacina da Encefalite japonesa e da raiva tem o preço de 15€ por inoculação. Os preços praticados a nível privado podem divergir destes valores. Acresce também ao pagamento da administração da vacina, sendo um acto de enfermagem.

Todas as vacinas recomendadas aos viajantes, fora do Programa Nacional de Vacinação, são comercializadas nas farmácias locais, mediante prescrição clínica, podem ser administradas em qualquer serviço de vacinação internacional.
Não dispense a ida a consulta de saúde do viajante, faz parte da viagem como o seu bilhete electrónico de voo. Viagem com saúde, sempre.

Vai viajar? Leve sáude.

Celine
 
 nota: as imagens utilizadas são de fontes da internet.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Seguro de viagem: uma necessidade ou um luxo?



O seguro de viagem nunca surge como uma necessidade quando se planeia uma viagem, habitualmente não faz parte da lista de preocupações se vamos de férias ou a trabalho, pode haver ainda assim uma reflexão sobre o assunto em missões humanitárias por ex. Os cuidados de saúde fora do país desenvolvido podem ser parcos, nem sempre disponíveis fora dos principais centros urbanos, além de poderem ser desprovidos da eficácia necessária.

Falando somente de dados de doenças tropicais e emergentes, actualmente se olharmos para o mapa-mundo de destinos tropicais e exóticos, são poucos os destinos onde não existam contabilizados de casos de Malária, em muitos locais malária multirresistente, Zika, Dengue, Chikungunya, Encefalite Japonesa, Febre-amarela, surtos de Cólera, de Ébola ou Sarampo. 




Quando se trata de protecção da sua saúde, não podem existir substitutos para os elementos básicos, para além de todas as precauções ao nosso alcance, a ida a consulta de saúde do viajante, a vacinação internacional, a profilaxia de malária, o estojo de saúde em viagem e dos cuidados básicos em saúde.

Os acidentes são a causa mais comum de morbilidade e mortalidade em viagem, mais do que doenças ou infecções tropicais, sendo estes na sua maioria evitáveis. Existe uma tendência em “esquecer” as regras básicas de segurança, o uso de cinto de segurança, condução segura sem ingestão de álcool, uso de capacete na condução de motociclos, o respeito das regras de trânsito, o uso de cadeira auto para crianças, são alguns exemplos por de trás de acidentes de viação em viagem por não serem cumpridos nas férias. 





A malária é a doença tropical mais grave e perigosa com que os viajantes se podem defrontar, as medidas de protecção de malária sejam por meio de repelentes, uso de rede mosquiteira, a toma de profilaxia de forma correta, também torna a malária evitável. Assim como a infecção por hepatite A, sendo vulgar e grave pode ser facilmente evitável com a vacinação eficaz e segura.

Um episódio de doença súbita no local mais recôndito, num país menos desenvolvido, com cuidados de saúde centralizados, pode ser um acontecimento intenso e grave, que seria facilmente tratável no país de proveniência. Saber onde procurar esses cuidados de saúde, como estão distribuídos esse cuidados de saúde no local de férias, ter os contactos da embaixada de residência, ter conhecimentos da língua local pode ser uma mais-valia, parte destes dados podem ser facultados na consulta de saúde do viajante ou com alguma pesquisa na internet em sites relacionados com saúde em viagem, com estes:
 




Os cuidados de saúde que estão disponíveis nos locais de destino, podem ser suficientes e razoáveis para a população local, porém numa situação de emergência/urgência podem mostrar-se escassos e ineficazes ao viajante.
A escolha do seguro de viagem, além de extrema importância para a gestão de situações de doença/urgência, ajudam a que a ansiedade seja menor quanto a possíveis despesas de tratamentos ou cuidados, ou repatriamento. Embora para o início dos tratamentos possa ser necessário ter dinheiro em sua posse.
Um seguro de viagem, com repatriamento, no caso de ser uma viagem internacional, pode fazer toda a diferença quando o inesperado acontece, um acidente de viação, uma alergia, uma cirurgia de urgência ou de um agravamento de uma condição cronica já existente. 
Escolha do seguro deve ter em conta o destino, ou os destinos de viagem, havendo mais do que um destino ou até mais do que um país, ou as diversas actividades a realizar, caminhadas, escaladas, desportos aquáticos são alguns exemplos a ter em conta ao ponderar um seguro, além da franquia, evacuação medica, repatriamento e tipo de despesas incluídas, sem esquecer as doenças ou condições de saúde de base de cada viajante.





Existem diversas modalidades de seguro, pode ser um seguro anual, um seguro só relativo a viagem de ida e volta, a escolha passa pela disponibilidade financeira e o que cada viajante considera importante proteger.
Deixo a título informativo uma lista de agências nacionais de seguros em viagem: 





 
Quando o destino de viagem passa pelo território europeu, o acesso aos cuidados de saúde, pode estar facilitado, em todo o caso os cuidados de saúde a ter e a importância da consulta de saúde do viajante não deve ser minimizado. O risco de infecções por picada de mosquitos mantém-se ainda que sem a presença de malária, mas não diminui o risco de acidentes ou alterações do padrão de saúde.
Aqui pode ser útil o Cartão Europeu de Seguro de Doença, válido para os Estado-Membro da União Europeia, Islândia, Listenstaina, Noruega e Suíça. 



O Cartão Europeu de Seguro de Doença permite a uma pessoa segurada ou abrangida por um regime de protecção social obter junto dos prestadores de cuidados públicos a assistência médica de que o seu estado de saúde necessitar durante a sua estada temporária em qualquer dos Estados referidos.
É um cartão de modelo único, comum a todo o espaço da União Europeia, Islândia, Listenstaina, Noruega e Suíça, gratuito e concebido para simplificar a identificação do seu titular e da instituição que financeiramente é responsável pelos custos dos cuidados de saúde de que possa vir a necessitar.
O Cartão Europeu de Seguro de Doença não constitui uma alternativa a um seguro de viagem, nem abrange as situações em que a pessoa segurada se desloca a outro Estado com o objectivo de receber tratamento médico.
Não cobre cuidados de saúde prestados no sistema de saúde privado nem outras despesas, como o custo do repatriamento ou indemnizações por bens perdidos ou roubados.
É um cartão nominativo e individual, pelo que cada beneficiário titular e familiar, que se desloque ao estrangeiro, deve possuir o seu.
Pode ser requerido no site da Segurança Social Directa ou presencialmente nos balcões da Segurança Social. Tem a validade de 3 anos.
Deixo o link para mais informações de como obter mais informações sobre o Cartão Europeu de Seguro de Doença.cartao-europeu-seguro-doenca

Viagem com consciência, o bem mais precioso que leva consigo é a sua saúde, traga a de volta e proteja-a como faz no seu dia-a-dia.


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Vai Viajar? Leve Saúde!

Celine